O lançamento de mísseis de cruzeiro pela Marinha russa buscou não somente eliminar a infraestrutura terrorista, mas teve também outros objetivos, não necessariamente evidentes, acredita o colunista da Sputnik Aleksandr Khrolenko.
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Os motivos alegados para a utilização dos mísseis são bastante claros: apoiar a ofensiva do Exército sírio, que segue liberando as partes do país das mãos de terroristas do Daesh, organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países, afirma o jornalista.
Também é importante que tal avanço se produza em meio às discussões sobre as "zonas de desescalada" entre os três países garantes do cessar-fogo (Rússia, Irã e Turquia).
Porém, mesmo considerando tudo isso, "os Kalibr são armas sofisticadas destinadas a alvos mais importantes do que uns jihadistas com metralhadoras", notou. Então, por que foram utilizados os mísseis, quando os aviões podem fazer o mesmo? Os lançamentos contra alvos reais é a melhor forma possível de treinar as tripulações de navios de guerra, tanto mais que o campo de batalha está pleno de forças da OTAN. Ademais, as divergências na abordagem em relação à Síria entre Moscou, Bruxelas e Washington se agudizaram com a derrubada do Su-22 sírio por um caça americano, levando Moscou a fazer uma advertência direta aos aviões da coalizão de que estes seriam seguidos por radares antiaéreos. "Segundo a doutrina aérea dos EUA, no caso de os seus aviões serem seguidos por radares antiaéreos, se deverá estudar a localização destes radares e planejar de antemão um possível golpe preventivo contra eles antes de prosseguir com as operações", escreve o colunista citando o ex-general da brigada americana Kevin Ryan. Neste sentido, os EUA e seus aliados "temem as capacidades da Força Aeroespacial russa e não descartam um hipotético conflito na Síria", aponta Khrolenko. Deste modo, se espera que o mais recente lançamento de mísseis, junto com o "ultimato antiaéreo", reforce a mensagem de que a Rússia não vai ser intimidada pelas ações dos EUA contra Damasco, opina o especialista. "Moscou atua na região de forma legítima, a pedido do governo soberano sírio, enquanto a presença dos EUA é ilegal. Se os americanos quiserem ‘participar' do desmantelamento da Síria, então a Rússia tem armas para defender a soberania e a integridade territorial deste país", concluiu.
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Derrubada de aeronave síria é mais recente sinal do crescente envolvimento militar de Washington no conflito, o que pode levar a um confronto direto com forças russas. Nenhum dos dois lados, porém, tem interesse nisso.
Michael Knigge | Deutsch Welle
Quando o caça F/A-18E Super Hornet derrubou um avião militar sírio de fabricação russa SU-22, depois que a aeronave supostamente atacou combatentes apoiados pelos Estados Unidos perto da cidade de Raqqa, não demorou muito para que a Rússia respondesse ao que considerou uma "agressão" às forças do governo sírio, apoiadas pelo Kremlin.
As autoridades russas não só suspenderam o chamado "canal para redução de conflitos" com os Estados Unidos, criado para evitar possíveis incidentes militares entre os dois países, como ainda disseram que seus militares derrubariam qualquer avião estrangeiro a oeste do rio Eufrates, que consideram área para operações do Kremlin.
Yezid Sayigh, especialista em Síria do centro de estudos Carnegie Middle East Center, diz que a questão-chave sobre o incidente é a razão para o governo do presidente Bashar al-Assad enviar um avião de combate a Raqqa, o que não havia feito há anos. "Minha avaliação é que o regime está testando lá e em Badia, a área desértica do sudeste sírio, as 'linhas vermelhas' dos Estados Unidos, e os Estados Unidos estão simplesmente delineando essas linhas vermelhas, não mais do que isso", avalia. Riscos de recrudescimento O incidente chamou a atenção para o conflito na Síria entre as forças apoiadas pela Rússia e as apoiadas pelos Estados Unidos, o qual tem potencial para colocar os dois países em combate direto na batalha pelo futuro da Síria. Antes da derrubada do avião de guerra, as forças dos Estados Unidos atingiram as forças pró-governo sírio três vezes nas últimas semanas para contra-atacar o que afirmaram ser ataques a grupos aliados. Os EUA elevaram recentemente o apoio militar a seus aliados na Síria, num esforço para expulsar o chamado "Estado Islâmico" da cidade de Raqqa, considerada a última fortaleza dos jihadistas no país. "Os riscos de recrudescimento e de confronto direto entre os Estados Unidos e a Rússia aumentaram, e alguns podem até dizer que isso já existe, pois o número de incidentes aumentou", ressalta Jonathan Stevenson, ex-assessor da Casa Branca para assuntos de segurança político-militares, Oriente Médio e África do Norte. "É uma situação muito perigosa", alerta Iwan Morgan, professor de estudos americanos na universidade britânica University College London. "As chances de confronto aumentaram significativamente." Embora vejam um risco maior de confronto direto, tanto Stevenson quanto Morgan avaliam que nem os Estados Unidos nem a Rússia têm interesse em deixar a situação se acirrar ainda mais. O governo dos EUA provavelmente quer evitar ver as coisas piorarem a tal ponto que se torne necessário um emprego de tropas terrestres na Síria maior do que o pretendido, de acordo com Stevenson. Novas hostilidades são prováveis Na opinião do especialista, a Rússia também teme que uma piora na situação possa sobrecarregar suas forças militares a ponto de elas não conseguirem responder à altura das capacidades dos Estados Unidos. Morgan pondera que, embora nem os Estados Unidos nem a Rússia tenham interesse no confronto, "é claro que você poderia dizer isso sobre muitos conflitos na história que mesmo assim chegaram a um certo ponto e transbordaram". Ele acrescenta, ainda, que um possível confronto entre os Estados Unidos e o Irã, outro país que apoia o governo sírio, também é preocupante. Já em maio, num incidente que recebeu comparativamente pouca atenção, caças americanos atacaram forças xiitas que haviam se aproximado demais dos soldados dos Estados Unidos na fronteira da Síria com o Iraque. Os analistas concordam que, embora seja difícil discernir uma estratégia mais ampla dos EUA – que vá além da atual operação contra o "Estado Islâmico" –, a mudança de regime está, ao menos por enquanto, fora da agenda de Washington. Mas Stevenson avalia que novas hostilidades entre a Rússia e os Estados Unidos – intencionais ou acidentais – são prováveis, especialmente se o uso do canal para redução de conflitos se tornar mais esporádico e os EUA aumentarem gradualmente suas operações em apoio às forças da oposição. O chanceler russo, Sergei Lavrov, comentou o ataque da coalizão internacional liderada pelos EUA contra o avião militar sírio.
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"Apelamos aos EUA e a todos os outros que têm suas forças ou conselheiros no terreno [sírio] para que garantam a coordenação no nosso trabalho. As zonas de desescalada são uma das possíveis variantes de avanço. Convidamos todos a evitar ações unilaterais, a respeitar a soberania da Síria e a se juntarem a nós no nosso trabalho comum, que é coordenado com o Governo da Síria", declarou ministro do Exterior russo.
Comentando a situação atual na Síria, inclusive a presença dos EUA no sul do país, Sergei Lavrov frisou que todas as ações devem ser acordadas com Damasco.
"É assim que fazemos com o Irã e a Turquia enquanto avançamos nas negociações em Astana, todas as nossas iniciativas, propostas, coordenamos com a parte síria", lembrou ministro. A coalizão internacional liderada pelos EUA derrubou neste domingo um avião da Força Aérea da Síria nos arredores da cidade de Raqqa. A coalizão internacional está realizando uma operação militar na Síria contra os militantes do grupo Daesh desde 2014. Mas a coalizão está atuando sem autorização do governo legítimo do país. Militares russos, depois do incidente com o avião da Força Aérea síria derrubado por um caça-bombardeiro dos EUA, suspenderam a cooperação com o Pentágono que visava evitar incidentes no espaço aéreo sírio.
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A partir de agora, a aviação e drones da coalizão internacional serão acompanhados pelas unidades da defesa antiaérea russa, declarou o Ministério da Defesa da Rússia que traçou a "linha vermelha" ao longo do rio Eufrates.
Em um comentário para a Sputnik Japão, o analista militar Konstantin Sivkov expressou a opinião que o Su-22 derrubado é mais um sinal de a guerra na Síria estar passando para uma nova fase.
"O Su-22 derrubado pelos norte-americanos é uma ação muito grave. De fato, é mais um sinal de que a guerra na Síria está passando para uma nova fase, a fase da intervenção militar dos EUA contra a Síria. É grave e é perigoso", explica Sivkov. Ele prevê o que pode acontecer depois deste incidente. A Rússia poderia desistir de apoiar a Síria, mas isto significaria o fim da autoridade de Putin, o que pode criar o risco de perturbações no país, opina o analista. Ou então a Rússia teria que entrar numa guerra com os Estados Unidos. "O bombardeio da base área de Shayrat, o ataque contra tropas sírias perto da fronteira com a Jordânia e, agora, a derrubada do Su-22. Os EUA começaram sua agressão gradualmente. Isto é muito perigoso", resumiu o analista militar russo. A coalizão internacional liderada pelos EUA que luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) na Síria confirmou que tinha derrubado um avião sírio Su-22 na província de Raqqa após este ter supostamente lançado bombas próximo das posições da oposição síria (Forças Democráticas Sírias). Damasco, por sua vez, declarou que, no momento, o caça sírio estava participando de uma operação contra o agrupamento terrorista Daesh. Nesta segunda-feira (19), o Ministério da Defesa russo disse em um comunicado que a derrubada do avião da Força Aérea síria pela aviação americana é uma "violação cínica da soberania da República árabe da Síria".
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Além disso, a entidade comunicou que, a partir de 19 de junho, o ministério suspende a interação com os EUA no âmbito do memorando conjunto sobre a prevenção de incidentes no espaço aéreo sírio.
"A partir de 19 de junho do ano corrente, o Ministério da Defesa da Federação da Rússia suspende a cooperação com a parte americana no âmbito do memorando conjunto sobre a prevenção de incidentes e garantia de segurança dos voos da aviação no decorrer das operações na Síria e exige uma investigação escrupulosa por parte do comando americano, com apresentação dos respectivos resultados e medidas tomadas", diz-se no comunicado.
"Nas regiões do espaço aéreo sírio onde a aviação russa efetua suas missões de combate, quaisquer meios aéreos, inclusive aviões e veículos não tripulados da coalizão internacional, detectados a oeste do rio Eufrates serão acompanhados pelos dispositivos aéreos e terrestres da defesa antiaérea russos e considerados como alvos aéreos", advertiram os militares russos. Ademais, o ministério frisou que as ações americanas em relação às Forças Armadas da Síria podem ser qualificadas, de fato, como "agressão militar". "As repetidas ações militares da aviação americana sob o disfarce de 'combate ao terrorismo' contra as Forças Armadas legítimas de um país-membro da ONU são uma violação gritante do direito internacional e, de fato, um ato de agressão militar em relação à República Árabe da Síria", indica o comunicado do ministério. A entidade adiantou que o comando da coalizão internacional, encabeçada pelos EUA, não usou os canais de comunicação com a Rússia para prevenir incidentes no espaço aéreo durante a operação em Raqqa, onde um avião governamental Su-22 foi abatido. "Naquele momento, os aviões da Força Aeroespacial russa estavam atuando no espaço aéreo sírio. Porém, o comando das forças da coalizão não usou o canal de comunicação que existe entre os comandos aéreos da base aérea de Al-Udeid (no Qatar) e a base de Hmeymim [na Síria] para prevenção de incidentes no espaço aéreo sírio", prosseguiu. A coalizão internacional liderada pelos EUA que luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) na Síria e no Iraque confirmou que tinha derrubado um avião sírio Su-22 na província de Raqqa após este ter supostamente lançado bombas próximo das posições da oposição síria (Forças Democráticas Sírias). Damasco, por sua vez, declarou que, no momento, a aviação síria estava realizando uma operação contra o agrupamento terrorista Daesh. A coalizão internacional liderada pelos EUA derrubou neste domingo um avião da Força Aérea da Síria nos arredores da cidade de Raqqa, informou um comunicado do ministério da Defesa da Síria.
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"A nossa aeronave foi abatida hoje, no horário do almoço, nos arredores da cidade de Raqqa, no momento em que este realizava uma missão contra o Daesh", explicou o comunicado.
Segundo o ministério da Defesa, a aeronave foi abatida e o "piloto até o momento não foi localizado". Os militares sírios afirmam que a coalizão derrubou o avião, pois estaria "coordenando as suas ações com o Daesh".
"As suas ações visam parar os avanços do exército da Síria e de seus aliados no combate ao terrorismo, no momento em que o nosso exército e aliados alcançam grandes progressos", destacou o ministério da Defesa do país árabe. Este não é o primeiro incidente do gênero, provocado pelas atividades da coalizão liderada pelos Estados Unidos em Raqqa. A mídia síria já informou a morte de pelo menos 43 civis em resultado de ataques aéreos da coalizão na mesma localidade. O Ministério das Relações Exteriores da Síria condenou os ataques aéreos e enviou duas cartas ao secretário-geral da ONU e ao chefe do Conselho de Segurança da ONU, em que as ações da coalizão foram comparadas aos crimes do Daesh. Poucos dias depois, a mídia libanesa informou que os ataques aéreos da coalizão mataram mais de 30 civis mais perto de Raqqa. Raqqa está sob o controle da Daesh desde 2013, e é a capital da organização na Síria. A operação para retomar Raqqa, conduzida por uma coalizão composta por quase 70 países, está em andamento desde novembro de 2016. Os seus ataques aéreos na Síria não são autorizados pelo Conselho de Segurança da ONU, nem pelo governo de Bashar Assad. |
AutorLuiz Maia HistóricoCategorias
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