Os planos dos EUA de retomar a produção dos famosos F-22 Raptor "pousou" sem decolar: um relatório classificado da Força Aérea indica as razões pelas quais "não vale a pena" fazê-lo.
Sputnik
A ideia de retomar a fabricação dos temíveis F-22, os primeiros caças de quinta geração em serviço ativo de qualquer exército, circulava no Congresso dos EUA há um ano, quando as deficiências e problemas do programa do seu sucessor, os F-35, mais leves e mais modernos, se tornaram evidentes.
O relatório sobre a viabilidade de tal decisão foi elaborada pela Força Aérea dos EUA e o seu veredicto não foi otimista, indica o portal Military citando fontes militares. Qualquer planos de "ressuscitar" o Raptor "bate" contra a parede de um preço altíssimo, destaca o portal.
Para obter 194 aeronaves, são necessários cerca de 10 bilhões de dólares (para redefinir a linha de produção) e outros 50 bilhões (para os próprios aviões), cada um custando cerca de 210 milhões de dólares. A mesma Força Aérea, por sua vez, se opôs desde o início à iniciativa, optando pela "fusão" dos F-22 já existentes com os F-35, para aumentar a capacidade de combate conjunto. O F-22 realizou seu primeiro voo em 1990 e entrou em produção em série em 2005. Devido ao longo tempo decorrido desde a concepção até à conclusão do projeto, as tecnologias do caça, embora ainda superiores à geração anterior, já se tornam de alguma forma desatualizadas, considera o especialista militar Dave Majumdar em seu artigo para a revista The National Interest. Pior ainda, a maior parte dos componentes necessários à produção "não foram produzidos durante décadas" e, por isso, seria um investimento "muito caro" para o Pentágono restabelecer as linhas de produção de componentes obsoletos. Finalmente, as tecnologias aeronáuticas não estiveram paradas durante todo esse tempo: o F-22, apesar de pioneiro em muitos aspetos, "ficará totalmente obsoleto perante as ameaças de 2030", avalia Majumdar, citando os projetos de caças PAK FA (Rússia) e J-20 (China) que já incorporaram os modernos avanços aeronáuticos. Outra abordagem estudada foi a modernização do projeto do F-22 e a fabricação de caças atualizados. A empresa de análise Rand estudou em 2010 as possibilidades de lançar a modernização dos Raptor, calculando o preço de 75 aviões em 20 bilhões, sem contar com os custos da formação de trabalhadores, introdução de novas tecnologias furtivas e treinamento de pilotos adicionais. "Não vão produzir o mesmo caça que antes, e por isso o preço aumenta. Querem um novo avião 'antigo' ou um novo avião melhorado?", disse um analista em matérias de defesa entrevistado pelo portal Militar. Assim, o relatório conclui que o pilar da Força Aérea dos EUA nos próximos anos será o F-35, ele próprio criticado por custos adicionais e vários problemas técnicos. Apesar de tudo, os EUA seguem promovendo os F-35 nos mercados de seus aliados, procurando compensar o enorme preço do programa e de fabrico de cada unidade. Quanto aos F-22, recusar-se a dar uma segunda vida a estas aeronaves significa que, de fato, os pioneiros de quinta geração de caças de combate enfrentam pela primeira vez a noção de "obsoletos".
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Ensaios com o avião de ataque da fabricante brasileira tem potencial para se converter na aquisição de mais de 120 unidades, por US$ 1,2 bi
Roberto Godoy | O Estado de S.Paulo
O avião de ataque A-29 Super Tucano, da Embraer Defesa e Segurança (EDS), será avaliado em julho pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), para substituição do jato A-10 Javali na frota de ações contra alvos no solo. Os ensaios serão conduzidos no complexo de Holloman, no Novo México. A observação ainda não é um programa, todavia, especialistas militares americanos estimam que um futuro pacote, a ser definido nos próximos anos, possa abranger mais de 120 unidades, valendo acima de US$ 1,2 bilhão.
O convite é importante para a Embraer. A demanda por aeronaves da classe do Super Tucano está em crescimento na Ásia, África,
Oriente Médio e América Latina. O convite do Pentágono é fator de prestígio, e eventualmente um bom argumento comercial, em um segmento avaliado em US$ 3,5 bilhões, envolvendo encomendas potenciais de 300 aeronaves. O principal produto militar da companhia já atua regularmente na aviação do Afeganistão, Angola, Brasil, Burkina-Fasso, Chile, Colômbia, Equador, Indonésia, EUA, Líbano, Mauritânia, Mali e Republica Dominicana. O viés do estudo OA-X (Conceito de Observação e ataque na sigla em inglês) é definir os benefícios do uso de um modelo novo, de baix0 custo, e que não requeira desenvolvimentos para fornecer o apoio tático à tropa, em missões em ambiente de baixo risco – por exemplo, onde as defesas antiaéreas estiverem limitadas a metralhadoras ou mísseis disparados do ombro de um soldado. O modelo examinado deverá ter, ainda, capacidade para receber acessórios que permitam realizar voos de coleta de informações de inteligência. A análise considera uma solução em dois vieses: a compra de uma aeronave para fazer esse trabalho mais leve, associada à modernização de uma parte da frota do A-10, providência capaz de estender a vida útil do pesado e caro Javali até ao menos 2035. O ágil turboélice A-29 não está sozinho na OA-X. A USAF convidou também as empresas Beechcraft, com o AT-6 Wolverine – muito parecido com o Super Tucano –, e a Textron Airland, por meio do Scorpion, o único jato do grupo. A preocupação das autoridades americanas com o gasto operacional é grande. Uma hora de voo do A-10 não sai por menos de US$ 17 mil. O novo F-35 Lightning exige entre US$ 35 mil e US$ 42 mil. A despesa com o Super Tucano, pelo mesmo tempo de emprego, fica na faixa entre US$ 1 mil e US$ 1,5 mil. “O nosso produto é a solução ideal para a USAF porque é especialmente adequado para o tipo de missão pretendido”, disse Jackson Schneider, presidente da EDS. Com uma vasta lista de admiradores e volumosa ficha de sucesso em combate, o Javali, entrou em operação há 40 anos – ainda é eficiente, mas ficou velho. A rigor, o A-10 foi desenhado em torno do maior canhão embarcado de sua classe: o GAU-8 Vingador, um gigante de 300 kg, 6 metros de comprimento e 7 canos rotativos de 30 mm. A arma é um metro mais comprida que o Mercedes Benz S/500L, um dos maiores sedãs do catálogo da fabricante alemã. Sucessão A Comissão das Forças Armadas do Senado dos EUA quer que a desmobilização comece já em 2017 no âmbito de um corte proposto de despesas da aviação militar da ordem de US$ 4 bilhões. Não é tão simples. “O A-10 é muito bom no que faz”, diz o ex-piloto ‘Bock’ Martin, lembrando que nas duas guerras do Iraque, em 1991 e 2003, “foram cumpridos mais de 4 mil ataques com os Javalis – o índice de êxitos foi superior a 94%, um recorde – fica difícil tirar do ar um recurso eficiente assim”. O problema é que o A-10 não tem sucessor claro. A solução mais prática para o problema, de acordo com os consultores do Pentágono, é submeter a um amplo programa de modernização de 173 exemplares extraídos da atual frota pronta para uso, cerca de 290 unidades – 160 delas compondo esquadrões em permanente mobilização. Esse conjunto permaneceria engajado nas tarefas mais pesadas. As missões mais leves caberiam a uma outra aeronave, entre as avaliadas na OA-X. Leve vantagem para o A-29 Super Tucano, da EDS. Considerado o melhor de sua classe em produção no mundo, com 200 aviões produzidos, e uso regular em 13 países contra insurgentes, no trabalho de apoio aproximado da tropa em terra, o A-29 leva a vantagem de já ter sido escolhido uma vez pelo Departamento de Defesa dos EUA e de já estar sendo fabricado em território americano. Mais do que isso: o avião brasileiro é citado nos EUA em todos os principais estudos a respeito da troca do A-10 como opção para atender ao segundo viés do empreendimento: “ataque leve em território hostil de baixo risco”. O Super Tucano foi selecionado pela Força Aérea dos EUA para ser comprado e repassado para a aviação do Afeganistão. O contrato, de US$ 428 milhões, cobre 20 aviões. Parte desse lote, 8 aeronaves, permanecerá em território americano servindo ao treinamento de pilotos na base de Moodys. Os 12 restantes já foram entregues estão sendo empregados para atingir alvos do Taleban, da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Entre janeiro e março de 2016 – único balanço oficial divulgado – foram realizados 260 ataques. Em apenas um deles 42 líderes radicais teriam sido eliminados, de acordo com o comando afegão de operações aéreas. A linha de produção americana fica em Jacksonville, na Flórida. É dessa facilidade industrial, mantida em associação com o grupo Sierra Nevada Company, que saem outras encomendas intermediadas em Washington, como os seis Super Tucanos comprados em novembro de 2015 pelo Líbano. |
AutorLuiz Maia HistóricoCategorias
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